"Regnabo (“eu devo reinar”: figura em cima, do lado esquerdo da Roda, com o braço direito erguido), regno (“eu reino”: figura em cima da roda, freqüentemente coroada, para significar o reinado), reganvi (“eu reinei”: figura que está do lado direito da roda, caindo da graça), sum sine regno (“eu não tenho reino”: figura na base da roda que perdeu completamente os favores da Fortuna. Esta pessoa é as vezes completamente jogada da roda ou esmagada por esta, sem nenhuma chance de reinar de novo."
Às vésperas das eleições governamentais uma palavra me vem à cabeça: FORTUNA.
Charles Darwin acreditava na teoria da Seleção Natural onde só os mais fortes sobrevivem. Essa teoria ainda é utilizada nos dias de hoje.
Existe uma disputa de poderes inerente em toda eleição. A maioria dos candidatos se vêem na posição de regnabo mostrando suas propostas, prometendo "mundos e fundos" àqueles que são considerados sum sine regno, ou seja, os eleitores. A Roda gira e poucas mudanças ocorrem. Os que conseguem ser eleitos são os beneficiários da Renda administrativa.
Os eleitores vêem a Roda girar a favor dos Eleitos, enquanto que aumenta-se a miséria e a violência. A crença nas ilusões pode ser a porta que levará à marginalidade, no sentido de se ficar às margens dos acontecimentos, das resoluções, das leis e da distribuição da renda nacional.
Abaixo a letra da cantata: Fortuna (Carmina Burana)
"Fortuna"
"O fortuna
velut luna
statu variabilis.
semper crescis
aut decrescis
vita detestabilis
nunc obdurat
et tunc curat
ludo mentis aciem:
egestatem
potestatem
dissolvit ut glaciem.
Sors immanis
et inanis
rota tu volubilis,
status malus,
vana salus,
semper dissolubilis;
obumbrata
et velata
michi quoque niteris;
nunc per ludum
dorsum nudum
feto tui sceleris.
Sors salutis
et virtutis
nichi nunc contraria
est affectus
et defectus
semper in angaria
hac in hora
sine mora corde pulsun tangite,
quod per sortem
sternit fortem
omnes mecum plangite."
"O Fortuna"
"Ó fortuna
variável
como a lua
cresces sempre
ou diminuis,
detestável vida!
hoje maltratas
amanhã lisonjeias
brincas com os nossos sentidos
a miséria
o poder
fundem como gelo em ti.
Destino cruel
e vão
roda que giras
a tua natureza é perversa
a tua felicidade vã
sempre a dissipar-se
pela sombra
e em segredo
aproximas-te de mim
apresento o meu dorso nu
ao jogo da tua
perversidade.
Felicidade
e virtude
são-me agora contrárias;
afeções
e derrotas
estão sempre presentes.
Nesta hora sem demora
pulsai as cordas
pois que o bravo, derrubado
pelo destino
chorai todos comigo."
Por Bruxinhachellot.